"A última vez que ali estivera tinha seguido no sentido inverso, em busca de um Sul contrário ao Senso. O Coração batia rápido e apertado. Agora batia apertado e lento. Lisboa toda à sua frente e a vida igualmente, num Horizonte puramente luminoso. Da última vez, interessava-lhe o cabelo, a blusa, o escuro, o ir e o vem. Hoje, nada a espera excepto a própria existência, calma na plenitude do seu ritmo. Não fosse isso assustar e seria também bom respirar assim."



Ontem vi...

"My Blueberry Nights"
Cheio de pormenores deliciosos, que vão desde o modo como é filmado, de dentro para fora do café, à relação escuridão/claridade, a momentos parados, a fumo de cigarro, a dores disfarçadas com vícios, a assuntos que cabem mal em palavras, Norah Jones que se saiu muito bem e Jude Law, muito bem (uma vez mais).
Uma surpresa, pela positiva.
O trailer aqui.

"A few years ago, I had a dream. It began in the summer and was over by the following spring. In between, there were as many unhappy nights as there were happy days. Most of them took place in this café. And then one night, a door slammed and the dream was over."

Circles



Verdades universais: as coisas mudam, as pessoas mudam, o Mundo muda, e a vida flui na sua perfeição.

Porquê querermos ficar feitos ímans de figrorífico, pegados magneticamente a algo/alguma coisa, como se o Amanhã não fosse surgir exactamente da mesma forma que Ontem e que Hoje? O Amanhã chega, cheio de Sol e a ver-se o céu azul (esse céu azul). Ou cheio de chuva e com o cheiro a Terra molhada. De qualquer das formas, inspirem bem do fundo (já repararam que ninguém pode inspirar por nós? ninguem pode ter o prazer que cada um de nós pode ter ao inspirar cada centímetro de vida?).

Alguma coisa está diferente, está sempre, ainda que milimétricamente diferente, ainda que a nossa estúpida sensibilidade pouco desenvolvida ou demasiado enegrecida, ou demasiado tapada por outras coisas ainda mais negras disfarçadas de véus de organza coloridas, não nos permita ter a percepção disso. O que está diferente Hoje? Não sei. Percebo que entre o Aqui e o Ali, coisas profundas mudaram. E coisas superficiais (serão?).
Um dia eu detestava Sopa, e agora adoro. Um dia eu detestava risca ao meio, e agora dou por mim a usar. Um dia eu quis cuidar de todos os sorrisos do Mundo e agora tenho que cuidar do meu. Um dia eu não gostava de Castanho e agora gosto. Um dia eu quis ser Bailarina e agora vou ser Engenheira. Um dia não tinha sardas e agora tenho. Um dia gozei malévolamente com coisas que mais tarde dei por mim a dizer/fazer. Um dia não era Egoísta até o ser.

"Round and round we go...

Who could've known it'd end so well?
We fall on and we fall off...
existential carousel."
"Circles", Incubus