Livros & Books & Livres & Libris & Bücher *



Aqui há tempos foi me pedido que escrevesse um artigo sobre algo sem o qual "não conseguisse viver", sem ser uma pessoa. Obviamente que se trata de um hiperbolismo, pois, sem contar com as necessidades vitais de um ser humano, todas as outras coisas podem ser dispensadas, consoante as circunstâncias e estado em que uma pessoa se encontra, mas isso já dava tema para outro post.
Escolhi escrever o artigo sobre Livros. Objecto que me acompanha desde menina, que não dava descanso aos meus Pais, por os "devorar" demasiado rápido, que me fizeram andar de mochila durante longos anos de modo a poder transportar, para qualquer lugar, o calhamaço que estivesse a ler.
Li os livrinhos dos Cinco e companhia, e depressa passei para as centenas de páginas, sem haver lombada que me intimidasse. Lia em todo o lado, a todas as horas, por vezes dois livros distintos em simultâneo.
Os livros de facto são óptimas máquinas do tempo e do espaço, e isso deliciava-me e viciava. Depois, o tempo livre foi ficando escasso, a leitura esteve parada durante muito tempo, até se tornar ridículo e eu tentar mudar isso e regressar ao prazer dos livros. Embora a velocidade de consumo de livros já não seja tão elevada, há sempre quem se lembre desta minha paixão e a alimente :) , e há sempre o meu devaneio por um livro perdido numa loja e que se torna uma aquisição inegável, e os livros em "stand by", por lêr, a cumulam-se em pequenos montes em cima dos móveis e em listas de compras nas agendas. Mas não faz mal, é quase como ter uma pequena livraria em casa, com a vantagem de ter vários títulos e estilos à escolha.
E esta paixão vai desde a minha estante, estimada desmesuradamente, às dedicatórias que encontro dentro de alguns livros oferecidos, ao cheiro dos livros novos, capas lisas que nunca foram abertas e esperam tornar-se usadas nas nossas mãos, às livrarias, lombadas e lombadas conhecidas e desconhecidas, à Bertrand do Chiado, com as suas estantes de madeira repletas de informação, a gritar atenção, aos livros antigos, amarelados, de cheiro indefinido, que foram de alguém, que vieram da casa de outros, que foi comprado pelo meu Avô a 8 cêntimos, ao turbilhao de sensações em que um livro nos pode envolver, ao espaço que deixa de existir para passarmos a estar no contexto altamente volátil da narrativa, à informação ali impressa pronta a ser absorvida pelos nosso cérebros, para criar ideias, despertar emoçoes, reflexões, realidades, sedimentar conhecimento.
E hoje, mais uma aquisição, numa Feira do Livro de uma escola secundária, onde, quem quisesse podia oferecer os livros que tivesse em casa e já não quisesse, para serem vendidos nessa tal feira. Surpreendentemente, esta foi a minha primeira compra em termos de livros usados. Não me faz qualquer confusão o conceito de venda e usofruto de objectos usados, sejam livros, roupa, acessórios ou peças de decoração. Numa sociedade de produção massiva com vista ao consumo rápido associado a um tempo de vida dos produtos cada vez menor (para catapultar esse mesmo consumo no menor espaço de tempo possivel), re-utilizar ou, re-usar algo que alguém já dispensou, parece-me óptima ideia, em vez de criar mais lixo mais rapidamente.
Voltando aos Livros, adquiri este:




Em óptimas condições, óptimo preço, o ja ter sido de alguém ja lhe confere história e um certo je ne sais quois, e já tem o meu nome escrito (hábito incutido pelos meus Pais desde que apredi a escrever). Ficaram lá outros, mais antigos e mais "alternativos" prontos a cruzar outros caminhos. Este, secalhar vai ser lido já.

* "Livros" em Português, Inglês, Francês, Italiano e Alemão :)

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